
Posteriormente, a fundadora Yim Ving Tsun estruturou seu próprio sistema e em sua homenagem seus seguidores deram seu nome ao estilo.
Esse estilo adquiriu enorme popularidade na cidade chinesa de Hong Kong, alastrando-se para os cinco continentes. Atribui-se a Bruce Lee, o mais famoso praticante de Ving Tsun, o respeito internacional que o estilo adquiriu. No entanto foram mestre como Moy Yat que definitivamente estabeleceram a respeitabilidade da arte, consagrando-a como um dos poucos exemplos do apogeu das artes marciais chinesas que foi preservado de forma pura e completa. Fato que tem propiciado um especial benefício para o homem moderno, pois sua qualidade de vida pode ser comprovada através da energia vital, desenvolvida em função do refinamento de revolucionarias técnicas de combate.
Mas o que é Ving Tsun?
O estilo Ving Tsun é considerado uma arte marcial de notável eficácia em combate, sem, no entanto, possuir complicados movimentos que exijam excesso de força física ou complexos exercícios mentais para sua execução. É uma arte que normalmente utiliza os próprios golpes do adversário como forma de auto defesa, possuindo como golpe básico apenas um chute e um soco.
Parece pouco, mas não é. Devido ao principio da simplicidade, já se tornou a arte marcial mais praticada nos estados unidos, Inglaterra, Alemanha, Austrália e Hong Kong. Uma característica quase única do Ving Tsun é a de se adaptar as particularidades de cada aluno, sempre respeitando os limites físicos.
Formas de Treinamento
O Ving Tsun possui dois tipos de treinamento: treinamento com mãos livres e treinamento com aparelhos e armas. O primeiro se subdivide em três estágios, nos quais o aluno deve primeiramente aprender a conviver com seu próprio corpo, descobrindo seus pontos de equilíbrio. É, na realidade, e acima de tudo, um processo de autoconhecimento, no qual o objetivo principal é levar o individuo a superar suas características negativas e maximizar as positivas, seja no combate ou nas atividades cotidianas.
O segundo tipo de treinamento é o que envolve aparelhos e armas. O praticante tem, neste apredizado, contato com o Muk Yan Jong (boneco de madeira), Gerk Jong, bastão (Luk Dim Boon Kwun) e com facas duplas (Bot Jom Doa), cujo manejo é uma das últimas técnicas transmitidas por um mestre ao seu discípulo.
Ving Tsun no Brasil
No Brasil, mestre Léo Imamura (mestre sênior 7° grau) é o representante da América do Sul da International Moy Yat Ving Tsun Federation e do Ving Tsun Museum, único museu da modalidade no ocidente, idealizado pelo mestre Benny Meng. Com 36 anos, Léo Imamura (eleito presidente da federação paulista de kung fu em 1994) é o mais jovem de um seleto grupo de treze mestres em todo o globo que possuem a mesma graduação que ele, outorgadas pelo Grão mestre Moy Yat. Adentrou na pratica do kung fu com dezesseis anos e pouco tempo depois abandonou a faculdade de direito (no 4°ano) e dirigiu-se a China para ampliar seus conhecimentos. Partiu em busca de um caminho a ser encontrado. Aportou primeiro nos Estados Unidos, onde conheceu o mestre Moy Yat.
De Lá seguiu para seu destino, esperando encontrar muito mais do que já sabia. Em um país estranho, cuja língua não dominava e com poucas condições financeiras, Léo viu seus objetivos frustrados e foi forçado a regressar. Retorna aos Estados Unidos e inicia sua aprendizagem com Moy Yat. Nesse momento aprende o verdadeiro significado do Ving Tsun e a forma autentica de ser praticado “Com o grão mestre Moy Yat, aprendi que o Ving Tsun não deve ser treinado com objetivos e combate. Ele é uma forma de crescimento pessoal, e a auto defesa e eficiência em lutas são apenas conseqüências, e não a motivação central do praticante”, declara Imamura.
Seguindo essa doutrina para ensinar, Léo coordena várias academias incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Bueno Aires (Argentina). Faz questão de visitar cada uma todos os meses, assim como conhecer cada aluno. “Em minha academia, tenho conhecimento da vida de todos os membros da minha família kung fu, e me sinto responsável pelo desenvolvimento deles”, revela o dedicado mestre.
Seus alunos têm ainda a opção de fazer estágios em qualquer academia de Ving Tsun do planeta – vinculada a International Moy Yat Ving Tsun Federation, com o direito a alojamento e aulas gratuitas durante uma semana.
Quanto à questão da violência, o mestre afirma que a coíbe, não pela forma de ensinamento, sempre voltada para a solidariedade e complacência: “Se algum dia um aluno procurar briga em rua, terei fracassado como professor, pois terei formado um aluno sem equilíbrio suficiente. O erro terá sido meu, e não apenas dele”.
Além da representação de Moy Yat no Brasil, Imamura trabalha em prol da expansão e popularização das artes marciais na comunidade brasileira. Uma de suas maiores realizações nesse campo foi viabilizar a implantação da disciplina ‘Artes Marciais’ na grade curricular da Faculdade de Educação Física de Santo Andre (FEFISA). O porquê de fazer isso? Ele mesmo responde: “A arte marcial é uma das práticas que mais trabalham a formação do caráter e também um dos que têm maior potencial disciplinador, requisitos importantes na formação de nossos alunos”, sentencia com sabedoria o Grande Mestre.
Artigo Retirado de Top Fight, n°07 de Junho de 1999, páginas 65 a 66.